terça-feira, 16 de agosto de 2016

BIOMECÂNICA NOS JOGOS OLÍMPICOS | JUDÔ

       O judô, traduzido como “caminho suave”, foi criado no Japão por Jigoro Kano em 1882. Nos Jogos Olímpicos foi introduzido em Tóquio 1964 e, desde então, só esteve ausente em uma edição dos Jogos Olímpicos realizado na Cidade do México 1968. As técnicas utilizadas na luta de judô são divididas em técnicas de projeção, as quais podem ser de perna (Ashi-waza), braço (Te-waza), quadril (Koshi-waza) e sacrifício (Sutemi-waza), técnicas de imobilização (Ossae-waza), chaves articulares (Kansetsu-waza) e estrangulamentos (Shime-waza). Fazem parte dos Jogos Olímpicos sete categorias divididas pela massa corporal dos atletas, sendo: -60 kg (ligeiro), 60-66 kg (meio-leve), 66-73 kg (leve), 73-81 (meio-médio), 81-90 (médio), 90-100 (meio-pesado) e +100 kg (pesado) para o masculino; -48 kg (ligeiro), 48-52 kg (meio-leve), 52-57 (leve), 57-63 (meio-médio), 63-70 (médio), 70-78 (meio-pesado) e +78 kg (pesado) para o feminino. Atualmente, a duração da luta é de 4 min para o feminino e 5 min para o masculino. Existem três pontuações que definem a luta, sendo elas: yuko (um terço de um ponto), wazari (meio ponto) e ippon (ponto completo).
        O judô brasileiro tem tradição nos Jogos Olímpicos, com resultados históricos expressivos, como a primeira medalha de ouro com Aurélio Miguel (Seul 1988) e a primeira medalha de ouro feminina com Sarah Menezes (Londres 2012). No total, o judô brasileiro já rendeu 19 medalhas olímpicas, antes do Rio 2016. Baseado nesse retrospecto, esperava-se que uma Olimpíada em casa supera-se Londres 2012, onde o judô conquistou 4 medalhas (1 de ouro e três de bronze). No entanto, o favoritismo não estava totalmente ao nosso lado, pois apenas 3 atletas estavam entre os cinco primeiros do ranking mundial, sendo elas Sarah Menezes (5º lugar), Érica Miranda (4º lugar) e Mayra Aguiar (4º lugar). Mas o esporte também tem surpresas e a melhor delas chama-se Rafaela Silva. Nossa “peso leve” era apenas a 11º do ranking e chegou no lugar mais alto do pódio. Já Mayra é considerada um ícone no judô brasileiro e, embora todos esperassem um confronto na final com a arquirrival americana Kayla Harrison, ela superou a queda na semifinal e mostrou o seu verdadeiro judô conquistando a medalha de bronze. O terceiro lugar de Rafael Silva, nosso peso pesado, não pode ser considerado uma surpresa, embora os resultados recentes, principalmente devido a lesões, o tenham colocado apenas na 12º posição antes dos Jogos. Ele superou mais uma vez a derrota para Teddy Riner na semifinal e conquistou sua segunda medalha de bronze em Jogos Olímpicos. 
O sucesso nos esportes de combate, em especial o judô, depende da execução de técnicas em elevada velocidade e com grande eficiência, na maioria das vezes com alta exigência de potência. Assim, a correta análise biomecânica da execução técnica pode permitir ao treinador intervir adequadamente no processo de correção de sua execução, contribuindo para a melhoria do desempenho de seus atletas. Por exemplo, a eficiência mecânica de uma técnica de projeção com o apoio do quadril (Koshi-waza) pode ser modificada dependendo da estatura do oponente, devido às mudanças nos braços de alavanca e, consequentemente, do torque final. Esse pode ser um aspecto a ser considerado no momento de analisar os adversários e propor estratégias de melhora técnica, principalmente em casos onde o nível competitivo é tão semelhante, como nos Jogos Olímpicos. Além disso, avaliações biomecânicas de força/potência podem possibilitar tanto o acompanhamento do nível de treinamento quanto à prescrição de cargas adequadas ao treino da capacidade neuromuscular envolvida.

Profa. Dra. Daniele Detanico
Universidade Federal de Santa Catarina
Membro do Laboratório de Biomecânica

Faixa preta de judô 1º Dan 

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