O
judô, traduzido como “caminho suave”, foi criado no Japão por Jigoro Kano em
1882. Nos Jogos Olímpicos foi introduzido em Tóquio 1964 e, desde então, só
esteve ausente em uma edição dos Jogos Olímpicos realizado na Cidade do México
1968. As técnicas utilizadas na luta de judô são divididas em técnicas de
projeção, as quais podem ser de perna (Ashi-waza),
braço (Te-waza), quadril (Koshi-waza) e sacrifício (Sutemi-waza), técnicas de imobilização (Ossae-waza), chaves articulares (Kansetsu-waza) e estrangulamentos (Shime-waza). Fazem parte dos Jogos
Olímpicos sete categorias divididas pela massa corporal dos atletas, sendo: -60
kg (ligeiro), 60-66 kg (meio-leve), 66-73 kg (leve), 73-81 (meio-médio), 81-90
(médio), 90-100 (meio-pesado) e +100 kg (pesado) para o masculino; -48 kg
(ligeiro), 48-52 kg (meio-leve), 52-57 (leve), 57-63 (meio-médio), 63-70
(médio), 70-78 (meio-pesado) e +78 kg (pesado) para o feminino. Atualmente, a
duração da luta é de 4 min para o feminino e 5 min para o masculino. Existem
três pontuações que definem a luta, sendo elas: yuko (um terço de um ponto), wazari
(meio ponto) e ippon (ponto completo).
O judô brasileiro tem tradição nos Jogos
Olímpicos, com resultados históricos expressivos, como a primeira medalha de
ouro com Aurélio Miguel (Seul 1988) e a primeira medalha de ouro feminina com
Sarah Menezes (Londres 2012). No total, o judô brasileiro já rendeu 19 medalhas
olímpicas, antes do Rio 2016. Baseado nesse retrospecto, esperava-se que uma Olimpíada
em casa supera-se Londres 2012, onde o judô conquistou 4 medalhas (1 de ouro e
três de bronze). No entanto, o favoritismo não estava totalmente ao nosso lado,
pois apenas 3 atletas estavam entre os cinco primeiros do ranking mundial,
sendo elas Sarah Menezes (5º lugar), Érica Miranda (4º lugar) e Mayra Aguiar
(4º lugar). Mas o esporte também tem surpresas e a melhor delas chama-se Rafaela
Silva. Nossa “peso leve” era apenas a 11º do ranking e chegou no lugar mais
alto do pódio. Já Mayra é considerada um ícone no judô brasileiro e, embora
todos esperassem um confronto na final com a arquirrival americana Kayla
Harrison, ela superou a queda na semifinal e mostrou o seu verdadeiro judô
conquistando a medalha de bronze. O terceiro lugar de Rafael Silva, nosso peso
pesado, não pode ser considerado uma surpresa, embora os resultados recentes,
principalmente devido a lesões, o tenham colocado apenas na 12º posição antes
dos Jogos. Ele superou mais uma vez a derrota para Teddy Riner na semifinal e
conquistou sua segunda medalha de bronze em Jogos Olímpicos.
O sucesso nos esportes de combate, em especial o judô,
depende da execução de técnicas em elevada velocidade e com grande eficiência, na
maioria das vezes com alta exigência de potência. Assim, a correta análise biomecânica
da execução técnica pode permitir ao treinador intervir adequadamente no
processo de correção de sua execução, contribuindo para a melhoria do
desempenho de seus atletas. Por exemplo, a eficiência mecânica de uma técnica
de projeção com o apoio do quadril (Koshi-waza)
pode ser modificada dependendo da estatura do oponente, devido às mudanças nos
braços de alavanca e, consequentemente, do torque final. Esse pode ser um
aspecto a ser considerado no momento de analisar os adversários e propor
estratégias de melhora técnica, principalmente em casos onde o nível
competitivo é tão semelhante, como nos Jogos Olímpicos. Além disso, avaliações
biomecânicas de força/potência podem possibilitar tanto o acompanhamento do nível
de treinamento quanto à prescrição de cargas adequadas ao treino da capacidade
neuromuscular envolvida.
Profa.
Dra. Daniele Detanico
Universidade
Federal de Santa Catarina
Membro
do Laboratório de Biomecânica
Faixa
preta de judô 1º Dan
Nenhum comentário:
Postar um comentário